Pe. Inacio Posadzy SChr - Esboço da biografia


 
Um homem que dedicou toda a sua vida aos imigrantes poloneses.
Esboço da biografia do pe. Inácio Posadzy SChr
 
 
Nasceu aos 17 de fevereiro de 1898 em Szadlowice, na Polônia (naquela época ocupada por três potências vizinhas: Rússia, Prússia e Áustria). Provinha de uma família numerosa; era o oitavo filho de 12 irmãos. O ambiente familiar era de resistência às campanhas de germanização que eram aplicadas contra as populações polonesas naquela região ocupada pela Prússia. A atmosfera familiar era regida por duas ideias-chaves: Deus e pátria. Tornou-se, pois, o jovem Inácio um convicto cristão e patriota atuante. Posadzy foi indiscutivelmente um produto da época da ocupação estrangeira pela qual passava a Polônia.
 
Fez os estudos elementares na sua aldeia natal. Sua geração foi atingida em cheio pelas campanhas de germanização. A mocidade polonesa tinha dificuldade em prosseguir nos estudos. Apesar dessas dificuldades, conseguiu ser aprovado no exame de madureza, em 1917.
Nesse mesmo ano, ingressou no Seminário em Poznan. Mas o edifício do Seminário foi transformado em hospital militar alemão. Por este motivo, os seminaristas foram enviados para Münster e para Fulda.
 
Esses estudos, em instituições alemãs, proporcionaram ao jovem Posadzy os primeiros contatos com os migrantes sazonais que das terras polonesas iam ganhar seu sustento na Alemanha. A exploração e as dificuldades de seus patrícios atingiram profundamente a sua sensibilidade. Foi marcante, na formação de sua consciência, o artigo que leu de um padre alemão que descrevia a morte de uma moça polonesa. Ela queria confessar-se, e ele não entendia o polonês.
 
Em 1918, com a independência da Polônia, voltou à sua aldeia de origem. Em 1919, estourou a sublevação para incorporar a Poznânia à Polônia. Como clérigo, não pôde participar diretamente dos combates, mas atuou como assistente dos soldados poloneses.
 
Com a incorporação de sua terra natal à República Polonesa, retornou ao Seminário. Foi ordenado sacerdote em 19 de fevereiro de 1921.
 
Os primeiros anos como padre ele os passou em Poznan. Em 1924 tornou-se professor do Seminário masculino e depois do feminino. Este Seminário preparava futuros professores. Foi também capelão dos escoteiros e coordenador de duas publicações locais, dos quais uma de caráter religioso; coordenava coletas para os desempregados, etc.
 
Nas férias, visitava os núcleos polônicos na França, Alemanha, Checoslováquia, Dinamarca e Romênia.
 
Iniciou-se na literatura e tornou-se membro do Związek Zawodowy Pisarzy Polskich (União dos Escritores Poloneses). Apesar de todas essas atividades, os problemas imigratórios ligados diretamente à situação de emigração eram o seu principal polo de interesse. De cada visita aos polos de atração de migrantes sazonais poloneses na Europa ele fazia reportagens e procurava chamar a atenção da sociedade polonesa para esses problemas.
 
Sua atuação sensibilizou o cardeal Augusto Hlond, Primaz da Polônia. Este enviou-o por duas vezes à América do Sul, para estudar in loco a situação do imigrante polonês neste continente. Percorreu a América do Sul em 1929 e 1930/1931: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai foram seus destinos.
 
Destsas viagens, surgiu uma importante obra Drogą Pielgrzymów – wrażenia z objazdu kolonii polskich w Południowej Ameryce (O caminho dos peregrinos – impressões da visita às colônias polonesas na América do Sul), Poznan, 1933. Constatou Posadzy que algumas colônias polonesas no Brasil estavam em dificuldades, principalmente quanto à falta de assistência pastoral. Era a frase de cardeal Hlond: Na wychodźstwie polskie dusze giną (As almas polonesas perecem na emigração). E ainda lançava a seguinte indagação:Será que a pátria mãe pode recusar a assistência espiritual aos seus filhos mais desafortunados?
 
Para concretizar esse objetivo, o cardeal Hlond plantou a ideia da fundação de um Seminário voltado para o exterior, em Poznan. Essa instituição seria um monumento do amor cristão e ao patriotismo polonês.
 
Posadzy revelou ser um homem muito emotivo, dando muito valor às emoções. De certa forma, procurava aliar a razão à emoção. Terminava por aderir ao lema Wszystko dla Boga i Polski i ukochanej rzeszy wychodźczej (Tudo para Deus, a Polônia e os nossos amados emigrantes).
 
Levado por esse entusiasmo sacerdotal, o cardeal Hlond encarregou de organizar uma congregação masculina que se dedicasse especialmente aos emigrantes. Com esse intuito, surgiu em 22 de agosto de 1932 o Towarzystwo Chrystusowe dla Polonii Zagranicznej(Sociedade de Cristo para os Poloneses no Exterior). Como não poderia deixar de ser, o Pe. Posadzy foi seu primeiro superior.
 
O advento da II Guerra Mundial não liquidou com a atuação da Sociedade de Cristo. O Pe. Posadzy, não esquecendo dos poloneses que foram levados manu militari para a Alemanha como trabalhadores escravos, conseguiu infiltrar alguns de seus padres nesses grupos, igualmente como trabalhadores escravos.
 
Nos primeiros anos após a guerra, a Sociedade de Cristo canalizou todos os seus padres disponíveis para os territórios recuperados a oeste. Todos os poloneses que ali se fixaram o foram na condição de migrantes.
 
A partir de 1956 recomeçaram as suas preocupações com os poloneses no exterior: França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Holanda, Bielo-Rússia, Ucrânia, Cazaquistão, Hungria, Espanha, Canadá, Estados Unidos, Brasil (1958), Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia.
 
Em 1963 o pe. Inácio visita pela terceira vez o Brasil. Desta vez já tem oportunidade de conhecer pessoalmente o trabalho apostólico realizado pelos padres da Sociedade de Cristo no meio de imigrantes  e descendentes poloneses radicados neste país. Nessa visita percebe a grande diferença entre o Brasil que visitara quase 30 anos atrás e o Brasil da época. Por um lado nota o progresso do país (novas estradas, escolas, igrejas, fazendas bem organizadas e sobretudo a satisfação dos habitantes), mas por outro lado reconhece a grande falta de sacerdotes para dar boa assistência espiritual aos fiéis e sobretudo aos imigrantes poloneses. 
 
Em 1959, o Pe. Posadzy fundou uma congregação religiosa feminina, com os mesmos objetivos da masculina. Esta recebeu a denominação de Missionárias do Cristo Rei.
 
O Pe. Posadzy faleceu aos 17 de janeiro de 1984 na casa da sua congregação em Puszczykowo, perto da cidade de Poznan, na Polônia.
 
No ano de 2008, a Sociedade de Cristo possuía 392 padres. Desses, 245 trabalhavam no mundo polônico. O Brasil recebeu, até 2009, 79 membros da Sociedade (77 sacerdotes e 2 irmãos religiosos), mas os membros efetivos perfaziam em 2009: 34 padres. Sua Província Sul-Americana  tem até hoje a sede em Curitiba.
 
 
Aos 23 de novembro de 2008 o superior geral da congregação Sociedade de Cristo, pe. Tomasz Sielicki SChr, anunciou oficialmente que o ano de 2009 seria para todos os membros da congragação o “Ano do Servo de Deus Pe. Inácio Posadzy SChr”. Neste ano de 2009 comemoram-se os 25 anos da morte do pe. Inácio. Com certeza este “Ano do pe. Inácio” será um grande desafio para os membros da congregação organizada pelo pe. Posadzy para conhecerem ainda melhor sua vida, suas obras, como também sua dedicação total aos imigrantes e descendentes poloneses no mundo.
 
Aos 6 de maio de 2009 foi encerrado o processo de beatificação do Servo de Deus pe. Inácio Posadzy, SChr - cofundador da nossa Congregação religiosa Sociedade de Cristo, no âmbito da Arquidiocese de Poznan (Polônia). Agora toda a documentação deste processo segue ao Vaticano.
Quem sabe, no mundo polônico vão se manifestar pessoas desejosas para conhecer  a biografia deste homem que dedicou toda a sua vida à causa da imigração polonesa?
 
Zdzislaw MALCZEWSKI SChr
 
 
BIBLIOGRAFIA:
KOZIOŁ, B. Życie i proces beatyfikacyjny Sługi Bożego o. Ignacego. Głos Towarzystwa Chrystusowego 1/2009, Poznan, Hlondianum: 1-3.
 
PARADOWSKA, M. 1998. Wszystko dla Boga i Polonii. Życie i dzieło ks. Ignacego Posadzego. Poznań, Hlondianum, p. 353-355. 
 
MALCZEWSKI, Z. 1998. W służbie Kościoła i Polonii. Towarzystwo Chrystusowe: Funkcje społeczne i duszpasterskie w środowisku polonijnym w Ameryce Łacińskiej. Warszawa, CESLA, p. 273-274.
 
Rocznik Towarzystwa Chrystusowego 2009, 2008. Poznan, Hlondianum, p. 99.
 
WACHOWICZ RUY C. e MALCZEWSKI Z. 2000. Perfis polônicos no Brasil. Curitiba, Vicentina, p. 303-306.

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