Os poloneses e seus descendentes no Brasil: Esboço histórico e situação atual da colônia polonesa no Brasil
Zdzisław MALCZEWSKI SChr
O Brasil possui uma superfície de 8.547 mil km2 e uma população de 213 milhões de habitantes (2021). O contingente exato da colônia polonesa no país é desconhecido, pois não existem a esse respeito dados estatísticos exatos. Alguns autores estimam o grupo étnico polonês em 800 mil, outros em 1% da população do país, o que equivaleria a mais de um milhão e meio de pessoas. Os líderes polônicos apresentam até um número maior, que atingiria 2 a 3 milhões de pessoas.
Na primeira metade do século XVII aportaram no Brasil alguns poloneses contratados pela Companhia das Índias Ocidentais, fundada pelos holandeses, a qual lutava contra os portugueses e espanhóis pela manutenção de uma colônia no litoral brasileiro (nos atuais estados da Bahia e de Pernambuco). Esses poloneses eram Cristóvão Arciszewski, Sigismundo Szkop e Ladislau Constante Wituski.
O pe. Adalberto Męciński é considerado como um dos primeiros missionários poloneses que vieram ao Brasil. Em documentos portugueses ele aparece como Albertus de Polonia, que em 1631 desembarcou no país por acaso. A embarcação em que ele viajava de Lisboa a Goa foi desviado do seu curso por uma forte tempestade que se desencadeou no Atlântico. Durante a permanência dessa embarcação no litoral brasileiro, Męciński fez uma descrição e um mapa de Pernambuco.
O período da maior afluência de poloneses ao Brasil foi o século XIX. Em 1839 veio ao país o médico Pedro Luís Napoleão Czerniewicz. Ele foi um dos fundadores da Academia de Medicina no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo vinham pesquisadores, viajantes, pessoas em busca de aventuras, mas sobretudo de melhores condições de vida no novo continente. No grupo dos pesquisadores poloneses podem ser mencionados Paulo Edmundo Strzelecki (1835), Inácio Domeyko (1838), José Warszewicz (1850), Constante oelski (1881), e no grupo dos engenheiros poloneses, que vieram ao Brasil no contexto de um contrato com a França: Bronislau Rymkiewicz, Alexandre Brodowski e Luís Malajski. Eles trabalharam na construção da ferrovia São Paulo–Santos, e posteriormente em Manaus, na Amazônia, onde construíram um porto fluvial. Em homenagem a eles, a cidade de Manaus dedicou-lhes um monumento, e o Estado de São Paulo distinguiu Brodowski dando o seu nome a uma das suas cidades. José Siemiradzki (1881, 1891, 1895) envolveu-se em pesquisas de geologia e da história da imigração polonesa. Em 1891 contou com a companhia do engenheiro Vitoldo Łaźniewski, Antônio Hempel e João Sztolcman, geógrafo e pesquisador de minerais. Em 1891 realizou uma série de viagens por diversas regiões do Brasil o pe. Sigismundo Chełminski, um eminente líder social e literato. Nos anos 1895-1897 esteve na Argentina, no Paraguai e no Brasil Estanislau Kłobukowski, economista, fundador e redator da “Revista da emigração”. Após a queda de levantes na Polônia, vieram ao Brasil refugiados políticos, em razão da intensificada perseguição dos ocupantes. A esse grupo pertencem Roberto Trompowski, Pedro Luís Napoleão Czerniewicz, André e Estanislau Przewodowski, o conde Floriano Rozwadowski e o engenheiro Floriano Żurowski, que foi o primeiro polonês a obter a cidadania brasileira. Encontramos também sobrenomes poloneses entre os soldados alemães que lutavam no exército brasileiro. É digno de menção o nome de Estanislau Kruszyński.
Em meio aos emigrados poloneses surgem diversos líderes da emigração, literatos, jornalistas, religiosos e professores. Vindo ao Brasil, uns desejavam proporcionar ajuda aos emigrados, ao passo que outros (José Siemiradzki, Adolfo Dygasiński – 1890, João Wolański –1896) desejavam conhecer as condições de vida no país e familiarizar-se com a atividade das autoridades brasileiras que forneciam terra aos colonos poloneses.
Em meio ao variado grupo dos imigrantes poloneses encontramos também o clero. Como um dos primeiros representantes desse grupo é considerado o pe. Antônio Zieliński, que juntamente com Sebastião Edmundo Woś Saporski organizou a migração dos colonos poloneses em Santa Catarina. Em 1875 vieram os padres Mariano Gizyński, Luís Przytarski, João Adamowski, e mais tarde João Kominek, Boleslau Bayer, João Rzymełko, José Anusz e outros. A primeira congregação religiosa que iniciou a sua atividade em território brasileiro no final do século XIX e no início do século XX foi a dos padres verbitas, e a seguir a dos missionários de S. Vicente de Paulo. Com o tempo vinham outras congregações masculinas, às quais depois da II Guerra Mundial juntaram-se os membros da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados. Das congregações femininas, as primeiras a chegar foram as irmãs vicentinas (1904), a seguir as da Sagrada Família (1906), e mais tarde as ursulinas, felicianas e outras congregações. A mais jovem congregação feminina a trabalhar entre os poloneses no Brasil é a Congregação das Missionárias de Cristo Rei para os Poloneses Emigrados (desde 1988).
Em 2021, entre os bispos brasileiros encontramos 6 bispos poloneses: João Wilk, OFMConv., ordinário da diocese de Anápolis (Estado de Goiás); Eduardo Zielski, ordinário da diocese de Campo Maior (Estado de Piauí), bispo Jan Kot, OMI, ordinário da diocese Zé Doca (Estado de Maranhão), bispo Romuald Maciej Kujawski, ordinário da diecese Porto Nacional (Estado de Tocantins), bispo Marek Marian Piątek, CSsR, ordynário da diocese de Coari (Estado de Amazonas), bispo Janusz Danecki, OFMConv., bispo auxilhar da arquidiocese de Campo Grande (Estado de Mato Grosso do Sul). Temos também 3 bispos de origem polonesa: Sérgio Krzywy, ordinário da diocese de Araçatuba (Estado de São Paulo), bispo Rafael Biernaski – ordinario da diocese de Blumenau (Estado de Santa Catarina), bispo José Carlos Chacorowski, CM – ordinario da diocese Caraguatuba (Estado de São Paulo).
Importa mencionar ainda os bispos falecidos: Inácio Krauze, CM, Pedro Filipak, Walmor Battú Wichrowski, Domingos Wisniewski, CM, Ladislau Biernaski CM, Agostinho Estêvão Januszewicz, OFMConv., Ceslau Stanula, CSsR, Isidoro Kosinski, CM.
Segundo dados da Comissão do Episcopado da Polônia para assuntos missionários, no final de 2021 trabalhavam no Brasil 220 missionários poloneses (49 padres diocesanos e 125 padres religiosos), 45 irmãs religiosas, uma pessoa leiga). Encontramos também mais de 250 padres de descendência polonesa.
O grupo mais numeroso de poloneses é constituído pelos colonos. O início da colonização polonesa no Brasil ocorre na década de 70 do século XIX, ainda que colonos poloneses tenham aparecido antes dessa data, acompanhando a onda imigratória alemã. Eles se estabeleceram juntamente com os alemães no Estado de Santa Catarina, na colônia Blumenau, e também no Estado do Rio Grande do Sul. Entre os colonos alemães que se estabeleceram na Colônia Dona Francisca (atualmente Joinville), provenientes da região de Poznań, estava presente em 1851 a família de Jerônimo Durski. Imigrantes poloneses participaram igualmente da colonização do Estado do Espírito Santo, ao qual em 1873 vieram cerca de 60 famílias como cidadãos alemães provenientes da Prússia, da Pomerânia e da Silésia (da região de Wrocław), e que juntamente com os alemães estabeleceram-se principalmente em Santa Leopoldina e Santa Teresa. Segundo cálculos de T. Grabski, legado polonês, em 1928 no Estado do Espírito Santo a antiga colonização polonesa contava cerca de 2 mil pessoas. O pioneiro e o organizador da colonização polonesa no Brasil foi Edmundo Woś-Saporski, e por sua iniciativa imigrantes poloneses colonizaram a área do Paraná. Em 1869 vieram 16 famílias da Alta Silésia e foram estabelecidas em Santa Catarina. Graças a Saporski, em 1871 essas famílias migraram ao Paraná, onde fundaram a colônia Pilarzinho, nos arredores de Curitiba. Com o tempo, em volta da capital paranaense surgiu uma rede de núcleos poloneses, entre os quais Abranches e Órleans. A seguir os poloneses colonizaram áreas nos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Poucos indivíduos detinham-se nas cidades, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A imigração econômica, que ocorreu na segunda metade do século XIX, estava relacionada com a atividade das autoridades brasileiras, envolvidas numa ação de movimento migratório maciço da Europa com o objetivo de povoar as áreas desabitadas, sobretudo na parte meridional do País. Isso se relacionava com um acordo assinado em 1830 com a Inglaterra, que previa a ilegalidade do transporte de escravos negros da África, o que em consequência contribuiu para a busca de uma nova mão-de-obra barata na Europa. A ação dos emissários do governo brasileiro encontrou terreno fértil na Polônia, onde a perda da independência, o sentimento da ameaça individual e coletiva, os levantes e as subsequentes perseguições políticas conduzidas pelas potências ocupantes, bem como a difícil situação política no país, forçavam os poloneses à busca de segurança, de um pedaço de terra, enfim de melhores condições de vida no exterior. Por volta de 1870 veio um grupo de poloneses da região de Gdansk a Santa Leopoldina, no Estado do Espírito Santo, de onde, após sangrentas aventuras com as autoridades, uma parte dele fugiu para o interior do Estado, na região da colônia Santa Isabel. Nesse mesmo tempo surgem poloneses em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os núcleos mais fortes surgiram no Paraná. As primeiras organizações polonesas, fundadas em 1890, foram a Sociedade Polonesa Tadeu Kościuszko em Curitiba e a Sociedade Polonesa Concórdia no Rio de Janeiro. A primeira escola polonesa começou a funcionar em 1876 em Órleans. Posteriormente surgiram outras, inclusive o Ginásio Nicolau Copérnico, fundado em 1911 em Marechal Mallet. Até 1914 surgiram 18 publicações periódicas, entre as quais, desde 1892, a “Gazeta Polska w Brazylii” (Jornal Polonês no Brasil) e desde 1904 o “Polak w Brazylii” (O Polonês no Brasil). No período da I Guerra Mundial surgiu o Comitê Polonês Central no Brasil, em Curitiba, que mantinha contato com o Comitê Nacional Polonês em Paris. A afluência maciça de colonos poloneses ao Brasil relacionava-se não apenas com os planos de colonização, mas também com a abolição da escravidão no país (Lei Áurea). Sentia-se então uma grande falta de mão-de-obra nas plantações. O governo brasileiro prometia aos imigrantes transporte gratuito de famílias inteiras ao Brasil, além de oferecer gratuitamente áreas de terra. Ocorreu um crescimento da afluência de imigrantes europeus ao Brasil, e pelos portos do Rio de Janeiro e de Santos passou em 1888 uma onda de imigrantes que chegou a 131.268 pessoas. E em 1891, após a promulgação de um conhecido decreto provisório do governo, que facilitava a imigração, vieram ao Brasil 218.930 imigrantes. A maior intensificação da imigração polonesa ao Brasil ocorreu nos anos 1890-1891. Era o período da chamada “febre brasileira”. Até 1891, o número dos poloneses no Brasil não passava de algumas dezenas de milhares. Eram emigrados da Prússia e da Galícia, que foram estabelecidos na região de Curitiba e de São Bento. Após 1890, a “febre brasileira” fez com que da região de Płock e de Kujawy se deslocassem cerca de 80 mil pessoas, alguns milhares das quais morreram ou voltaram à Polônia, 6 mil viajaram a pé de Santos até a Argentina e cerca de 60 mil estabeleceram-se nas colônias. Dentre os 63 mil imigrantes que em 1890-1891 vieram do Reino da Polônia, das áreas do além do Bug e da Galícia, pereceram milhares de pessoas.
Ocorre uma diminuição da onda imigratória da Polônia, para nos anos 1895-1896 intensificar-se. Era o chamado segundo período da “febre brasileira”. Os imigrantes eram sobretudo habitantes da então Galícia Oriental, de onde vieram 7 mil colonos. Nos primeiros anos do século XX ocorreu o terceiro período da “febre brasileira”. Nos anos 1897-1905 vieram 8 mil poloneses do Reino da Polônia, e no período do dez anos seguintes, mais cerca de 24 mil pessoas. Dessas ondas imigratórias participava o povo simples, e apenas uma pequena porcentagem era constituída por intelectuais, professores e religiosos. Somente após a revolução de 1905 encontra-se entre os imigrados um número maior de intelectuais. A imigração desse período tinha muitas vezes o caráter político, visto que desse grupo faziam parte jovens poloneses que haviam participado do movimento revolucionário, ou ainda pessoas que fugiam do serviço militar no exército imperial russo. A eclosão da I Guerra Mundial de 1914 suavizou a terceira onda imigratória. Calcula-se que até 1914 viajaram ao Brasil mais de 100 mil imigrantes poloneses. Essa imigração era principalmente constituída de colonos. Eram colonos que buscavam a propriedade da terra, o que geralmente conseguiam. Entre esses emigrados houve também casos de regresso à Polônia. O movimento imigratório da República da Polônia ao Brasil começou a crescer novamente em 1919. As estatísticas polonesas estimam que nos anos 1920-1938 emigraram ao Brasil 41,2 mil pessoas. Em grande parte tratava-se de emigrados em busca de trabalho, entre os quais havia uma significativa porcentagem de cidadãos poloneses de nacionalidade judia e ucraniana. Em 1920, segundo B. Żabko-Potopowicz, nos três Estados do Brasil meridional (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), residiam 200 mil poloneses, com exclusão dos nascidos no Brasil, cidadãos brasileiros. A crise econômica de 1930 contribuiu para a restrição da política imigratória do governo brasileiro e provocou a publicação do decreto de 16.7.1934, limitando a entrada de imigrantes, que devia restringir-se a 2% do número dos imigrantes que haviam fixado residência no Brasil nos últimos cinquenta anos. Essa lei foi mantida no artigo 151 da Constituição brasileira de 1937 e confirmada pelo presidente Getúlio Vargas em 4.5.1938.
Os decretos do governo brasileiro defendiam os interesses do país, opondo-se principalmente às crescentes influências alemãs. Nesse sentido, o decreto de 26.8.1939 continha muitas ordens e proibições, a obrigação de levar as escolas estrangeiras a uma plena adaptação ao ambiente nacional dos brasileiros de descendência estrangeira, do ensino da língua portuguesa, da história e da geografia do Brasil, bem como a participação dos cidadãos em associações patrióticas, com o objetivo de formar uma única consciência nacional. Recomendava também a incorporação ao exército do maior número possível de filhos de estrangeiros, especialmente em unidades militares que se encontrassem fora da região da sua residência. O decreto proibia a utilização de línguas estrangeiras em locais públicos, nos quartéis e durante o serviço militar. Ordenava também que os sermões nas igrejas fossem pronunciados em língua portuguesa. Em 1937 (antes da nacionalização), nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os imigrantes poloneses possuíam 293 escolas leigas, 37 escolas religiosas (242 escolas registradas e 88 escolas não registradas). Nessas escolas ensinavam 287 professores poloneses. Participavam do ensino em língua polonesa 9.316 crianças. Em outras escolas estudavam 4.636 crianças. Não tinham acesso ao ensino 5.132 crianças. A atividade social dos imigrantes poloneses é também testemunhada pelo número de 491 sociedades (334 delas mantinham escolas polonesas), dentre as quais 266 pertenciam à União Central dos Poloneses, fundada em 1930; 43 à Associação Católica das Escolas Polonesas “Oświata” (Educação) e 43 eram consideradas como “selvagens”, isto é, não pertencentes a associações.
A imprensa polonesa contava mais de vinte títulos. Os decretos de nacionalização do presidente Getúlio Vargas, dirigidos sobretudo contra as escolas e a imprensa das minorias nacionais, causaram um grande prejuízo aos emigrados poloneses no Brasil. Em conseguência da realização dessas ordens, foram fechadas 335 sociedades polonesas, que funcionavam como filiais das centrais curitibanas. Em 1938 foram fechadas 164 escolas polonesas no Estado do Paraná e 36 no Estado de Santa Catarina. A rede escolar polonesa no Rio Grande do Sul, que contava mais de 100 escolas, foi salva, preservando-se no programa de ensino dessas escolas o antigo status quo. Com o tempo, também ali o rigor da lei introduzida limitou a atividade desses núcleos. No Estado de Santa Catarina foi expedida uma ordem no sentido de que fossem eliminadas dos monumentos e túmulos as inscrições em língua estrangeira. No Paraná foram retirados os nomes estrangeiros de fábricas, oficinas, lojas, etc. Foi introduzida uma nova nomenclatura, em consequência do que a unidade familiar foi perturbada: os poloneses nascidos no Brasil passavam por brasileiros, e os procedentes da Polônia eram considerados estrangeiros. A nacionalização da sociedade brasileira foi a responsável pela destruição de meio século de patrimônio espiritual e material dos poloneses, bem como pela interrupção da influência educativa das escolas polonesas sobre os núcleos poloneses espalhados pelo interior. Além disso, a geração jovem foi privada do acesso à escola e na maioria dos casos, por falta de uma escola brasileira, foi exposta à volta ao analfabetismo. Com o tempo, as rigorosas determinações governamentais tendentes à nacionalização passaram a ser cada vez menos observadas.
Com a eclosão da II Guerra Mundial, os poloneses residentes no Brasil envolveram-se na ação desenvolvida pelo Comitê de Ajuda às Vitimas da Guerra na Polônia, cujo presidente era o vice-presidente do Brasil, Fernando Mello Vianna, e que surgiu no Rio de Janeiro sob o patrocínio da Cruz Vermalha Brasileira. Depois que o Brasil ingressou na guerra, esse Comitê começou a organizar a ajuda à Polônia. Foi criada a União dos Voluntários Poloneses da América Latina (sob a presidência de M. Breowicz) e foi aberta a Casa do Soldado Polonês no Rio de Janeiro, onde permaneciam os voluntários poloneses que aguardavam o transporte para a Europa. No total, a colônia polonesa forneceu 580 voluntários para as Forças Armadas Polonesas no Ocidente. Também nas fileiras do Corpo Expedicionário Brasileiro lutaram muitos poloneses. No decorrer das operações bélicas nos anos 1939-1942 veio ao Brasil um grupo de algumas centenas de refugiados poloneses da Espanha e de Portugal, na maioria intelectuais, entre os quais o ator Zbigniew Ziembiński, o poeta Juiliano Tuwim e o pianista Alexandre Sienkiewicz. Muitos desses refugiados mudaram-se posteriormente a países como o Chile, os Estados Unidos, a Argentina ou o Canadá. Após o término das operações bélicas veio ao Brasil uma nova onda imigratória. Esses imigrantes recrutavam-se dentre os destacamentos militares poloneses desmobilizados no Ocidente ou dentre os ex-prisioneiros dos campos de concentração. Preponderavam entre eles os intelectuais e os operários qualificados, razão pela qual rapidamente encontraram trabalho, em grande parte graças à ajuda de poloneses já residentes no país. Os novos imigrantes estabeleceram-se sobretudo nas cidades e influenciaram a atividade organizacional polonesa que ressurgiu após a guerra.
De meados de 1947 a meados de 1948 vieram ao Brasil 1.481 “desalojados” poloneses, e em março de 1950 eles eram 7.397. Os grupos de imigrantes que vieram ao Brasil durante a II Guerra Mundial, bem como após o seu término, eram na grande maioria partidários do governo da República da Polônia no exílio. Por iniciativa e sob a liderança do duque Olgierd Czartoryski, em 1947 surgiu no Rio de Janeiro a União Cultural dos Poloneses, com o objetivo de unificar toda a atividade polônica em território brasileiro, com o simultâneo combate ao comunismo e apoio ao governo polonês de Londres. O primeiro presidente da UCP foi Boleslau Nowicki, e o primeiro secretário-geral – Olgierd Czartoryski, que exerceu essa função até 1952. Os membros da UCP, bem como outros dirigentes da imigração do pós-guerra no Brasil, seguiam a doutrina “do não-reconhecimento do Estado polonês e do reconhecimento unicamente da nação”. Essa doutrina foi aceita pela maioria das organizações polônicas.
Nos primeiros anos após a II Guerra Mundial vieram de 10 a 20 mil poloneses. A grande maioria dessa onda imigratória dirigiu-se às cidades, e somente um percentual insignificante estabeleceu-se na agricultura. Graças a essa imigração, aumentou entre os poloneses estabelecidos no Brasil a porcentagem de pessoas instruídas, possuidoras de qualificações profissionais mais elevadas. Essa imigração transformou-se no motor principal da atividade das organizações já existentes e contribuiu para a reativação de algumas sociedades já em decadência. Na prática, juntamente com essa onda imigratória encerrou-se o processo da afluência de poloneses ao Brasil.
Após a eleição do cardeal polonês Carlos Wojtyla para pontífice da Igreja católica, observa-se um despertar do espírito polonês entre os descendentes dos imigrantes, surge a busca das raízes da própria origem, a apreciação da cultura, das tradições, dos costumes do país dos antepassados. Na vida organizacional surgiu a tendência da criação de federações. Em 1989 surgiu em Curitiba a “Polbras”, e em 1990 a “Braspol”. Em 1996 foi criado em Curitiba um Centro de Cultura Polônica. A colônia brasileira era representada na União das Associações e Organizações Polônicas da América Latina (USOPAL, fundada em 1993) e foi a organizadora de Congressos da Comunidade Polônica Latino-Americana em Curitiba (1996 e 2000).
O único periódico atualmente publicado pela colônia polonesa no Brasil é o periódico “POLONICUS – revista de reflexão Brasil-Polônia publicado desde 2010, que é continuação do “Projeções”, editado desde 1999 como publicação semestral. Essa publicação é financiada sobretudo pela Associação “Wspólnota Polska” (Comunidade Polonesa).
Em 2006 pertenciam à federação da “Braspol” 333 núcleos, espalhados por 16 Estados da federação brasileira.
A distribuição das comunidades polônicas no território desse imenso país apresenta-se da seguinte forma:
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
O Estado brasileiro do Espírito Santo situa-se ao norte do Estado do Rio de Janeiro. A leste limita-se com o oceano Atlântico, a oeste com o Estado de Minas Gerais e ao norte com o Estado da Bahia.
Os primeiros poloneses vieram a esse Estado em 1870 (1873?) num total de 60 famílias, como cidadãos alemães procedentes da Prússia, da Pomerânia e da Silésia (região de Wrocław). O primeiro transporte de imigrantes poloneses estabeleceu-se, juntamente com os alemães, em Santa Leopoldina e Santa Teresa. Os transportes seguintes, já menos numerosos, dirigiam-se principalmente para o norte, até o rio Doce.
Por volta de 1870 veio ao Estado do Espírito Santo, a Santa Leopoldina, um grupo de poloneses da região de Gdańsk. Após sangrentos incidentes com as autoridades, uma parte deles fugiu para o interior do Estado, para a região da colônia Santa Isabel.
Por sua vez uma outra fonte informa que os imigrantes poloneses vieram a esse Estado em 1873, num grupo de cerca de 60 famílias, como cidadãos alemães procedentes da Prússia, da Pomerânia e da Silésia (região de Wrocław). O primeiro transporte de poloneses estabeleceu-se, juntamente com os alemães, principalmente em Santa Leopoldina e Santa Teresa. Os transportes seguintes, já menos numerosos, dirigiram-se principalmente para o norte, até o rio Doce.
Fontes brasileiras informam que a partir de 1876 iniciou-se a colonização do vale do rio 25 de Julho, situada na parte inferior da serra de Santa Teresa, na direção de rio Doce. Inicialmente os contingentes de imigrantes italianos, alemães, suíços, e no ano seguinte também poloneses, ocuparam as terras que lhes foram fornecidas ao longo do rio 5 de Novembro, dando início à colônia chamada Patrimônio dos Polacos ou Santo Antônio dos Polacos.
Imigrantes poloneses fundaram também os núcleos de Águia Branca, Monte Claro e Cachoeira. Em 1927 a colônia polonesa no Estado do Espírito Santo contava cerca de 2 mil pessoas.
Em 1928 vieram 32 famílias polonesas (150 pessoas) e estabeleceram-se na foz do rio Claro e em São José. Nos anos 1930-1931 a Liga Marítima e Colonial estava colonizando a região de Águia Branca, onde se estabeleceram 100 famílias polonesas. Os poloneses colonizaram também Jaboticaba e São Gabriel da Palha. Na passagem do ano 1929 para 1930 o pe. Inácio Posadzy visitou as seguintes colônias polonesas: Águia Branca, Patrimônio dos Polacos, Córrego da Anta, Santa Maria, Baunilha e Triunfo. Ainda em 1939 imigrantes poloneses se estabeleciam na colônia Águia Branca. Infelizmente, em razões das condições difíceis, alguns voltaram à Polônia, enquanto outros permaneceram. Também após a II Guerra Mundial algumas famílias voltaram à Polônia.
Em 1969 São Gabriel da Palha tornou-se município e como seu primeiro prefeito foi eleito Eduardo Glazar, vindo da Polônia em 1930. Segundo dados relativos ao ano de 1937, resulta que nesse Estado, da mesma forma que em outros Estados brasileiros, os poloneses possuíam as suas próprias escolas. Também nesse Estado existia uma secretaria da União Cultural dos Poloneses no Brasil, que surgiu em 1947 no Rio de Janeiro. Em 1976 a Navegação Marítima Polonesa abriu na capital do Estado, em Vitória, a sua representação. A capital do Estado é também a sede do cônsul honorário, Adão Czartoryski.
No que diz respeito à vinda dos primeiros imigrantes poloneses ao Estado do Espírito Santo, convém assinalar que nas fontes polonesas encontramos duas datas, que fornecemos no texto: 1870 e 1873.
Na área do Estado do Espírito Santo encontramos filiais da Braspol em Águia Branca, Santo Antônio do Canaã (município de Santa Teresa), São Gabriel da Palha e Vitória – capital do Estado.
ESTADO DO PARANÁ
Jerônimo Durski, músico e professor de profissão, veio ao Brasil em 1851 e estabeleceu-se com sua família na Colônia Dona Francisca, atualmente Joinville. Não tendo encontrão entre os alemães condições apropriadas para o desempenho da sua profissão, mudou-se para o Paraná por volta de 1863 e fixou residência com a família em Vila do Príncipe, atualmente Lapa. Jerônimo Durski é considerado o primeiro polonês a fixar residência no Paraná. Em setembro de 1871, graças aos empenhos do pe. Antônio Zieliński e de Sebastião Edmundo Woś Waporski, 32 famílias polonesas (164 pessoas) estabeleceram-se em Pilarzinho, na região de Curitiba. Assim teve início a colonização polonesa no Estado do Paraná. Sebastião Edmundo Woś Saporski empreendeu muitas iniciativas em prol da colonização polonesa nesse Estado. Foi chamado “Pai da colonização polonesa no Paraná”. A partir de então, cada vez mais os poloneses começaram a estabelecer-se no Paraná. No decorrer de sete anos o número dos poloneses subiu a 3.750 pessoas. No total, até 1880 vieram ao Paraná 6.530 imigrantes poloneses. Nos anos 1890-1894 vieram ao Paraná 12 mil imigrantes poloneses. De acordo com alguns dados estatísticos, até a eclosão da I Guerra Mundial residiam no Paraná 60 mil poloneses. A parte meridional do Estado era colonizada principalmente por imigrantes poloneses, que se estabeleceram também na parte setentrional do Estado. No período de entre-guerras surgiram nessa região duas colônias polonesas: Warta e Gleba Orle. Nessas colônias estabeleceram-se imigrantes vindos da Polônia e descendentes dos poloneses dos Estados meridionais do Brasil. Em 1938, no Estado do Paraná o número dos poloneses chegava a 100 mil pessoas. Nos anos setenta do século passado, no Estado do Paraná existiam cerca de 500 colônias polonesas compactas e residiam cerca de 307 mil pessoas.
Atualmente, no Paraná, a população de descendência polonesa constitui cerca de 10% da população residente nesse Estado (de cerca de 8,5 milhões de habitantes).
No Estado do Paraná encontramos os seguintes núcleos da Braspol: Palmitos, Pavão (município de Agudos do Sul), Lamenha Grande (município de Almirante Tamandaré), Altamira do Paraná, Ampere, Anahy, Andirá, Antonina, Antônio Olinto, Apucarana, Arapongas, Arapoti, Calógeras, Capão Bonito (município de Arapoti), Araucária, Campestre, Colônia Cristina, Formigueiro, São Miguel (município de Araucária), Assis Cateaubriand, Balsa Nova, Pavão (município de Balsa Nova), São Sebastião do Paraíso (município de Bom Sucesso do Sul), Braganey, Cafelândia, Cambará, Campina da Lagoa, Campo do Tenente, Bugre, Colônia Dom Pedro II, Colônia Figueiredo, Colônia Rodrigues, Fazendinha (município de Campo Largo), Campo Largo, Campo Magro, Campo Mourão, Cândido de Abreu, Colônia Morska Wola, Teresa Cristina, Três Bicos, Ubazinho Dois (município de Cândido de Abreu), Cantagalo, Capanema, Carambeí, Tronco (município de Carambeí), Cascavel, São João do Oeste (município de Cascavel), Castro, Colônia Iapó – Ponte de Zinco, Colônia Maracanã (município de Castro), Catanduvas, Contenda, São Pedro (município de Corbélia), Coronel Vivida, Cruz Machado, Santana (município de Cruz Machado), Cruzeiro do Iguaçu, Cruzeiro do Oeste, São Pedro dos Poloneses (município de Dois Vizinhos), Rio Vitória (município de Enéas Marques), Espigão Alto do Iguaçu, Farol, Faxinal, Figueira, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Secção Progresso (município de Francisco Beltrão), Goioerê, Guaíra, Guapirama, Guaraniaçu, Guarapuava, Morro Grande (município de Guarapuava), Guaratuba, Amorinha (município de Ibaiti), Ibaiti, Lontrão (município de Imbituva), Arroio Grande, Colônia Adelaide, Colônia Taió, Santaria (município de Ipiranga), Ipiranga, Guamirim (município de Irati), Irati, Iretama, Itambaracá, Itapejara, Salto Grande (município de Itapejara do Oeste), Ivaí, Colônia Pesqueiro (município de Jaguariaíva), Jaguariaíva, Janiópolis, Japira, Carajá (município de Jesuítas), Joaquim Távora, São Miguel (município de Joaquim Távora), Juranda, Segunda Faxinal (município de Lapa), Lapa, Laranjeiras do Sul, Londrina, Warta (município de Londrina), Margarida (município de Marechal Cândido Rondon), Mallet, Mamborê, Mandirituba, Manuel Ribas, Maringá, Mariópolis, Marmeleiro, Marquinho, Matelândia, Mato Rico, Palmital 43 (município de Mato Rico), Medianeira, União da Vitória (município de Missal), Nova Aurora, Buriti (município de Nova Laranjeiras), Nova Laranjeiras, Nova Prata do Iguaçu, Palmas, Boqueirão (município de Palmas), Colônia Maciel, Colônia Santa Bárbara, Papagaios Novos, Passo do Tio Paulo (município de Palmeira), Palmeira, Palmital, Pato Bragado, Pato Branco, Paula Freitas, Paulo Frontin, Pérola do Oeste, Piên, Pinhalão, Martelo (município de Piraí do Sul), Piraí do Sul, Piraquara, Pitanga, Santa Teresinha (município de Planalto), Colônia Guaraúna, Colônia Trindade, Sabará, Taquari (município de Ponta Grossa), Jaciaba (município de Prudentópolis), Prudentópolis, Quatiguá, Quatro Barras, Quedas do Iguaçu, Quitandinha, Realeza, Rebouças, Barra do Encontro, Sabugueiro (município de Reserva), Reserva, Ribeirão Claro, Rio Azul, Rio Negro, Roncador, Sabáudia, Salto do Lontra, Águas dos 30 Alqueires (município de Santa Cecília do Pavão), São Clemente (município de Santa Helena), Santa Helena, Santa Isabel do Oeste, Santa Teresinha do Itaipu, Santana do Itararé, Santo Antônio da Platina, São Jerônimo da Serra, Bromados, Coxilhão das Ameixeiras, Coxilhão de Santa Rosa, Coxilhão do Meio (município de São João do Triunfo), Fazenda da Grama (município de São José da Boa Vista), São José da Boa Vista, Colônia Murici, Malhadas (município de São José dos Pinhais), São José dos Pinhais, São Mateus do Sul, Aurora do Iguaçu (município de São Miguel do Iguaçu), São Pedro do Iguaçu, Sarandi, Sengés, Siqueira Campos, Teixeira Soares, Telêmaco Borba, Tijucas do Sul, Tomazina, Tupãssi, Turvo, Ubiratã, Barro Preto (município de Ventania), Ventania, Verê, Virmond, Wenceslau Braz.
CIDADE DE CURITIBA – CAPITAL DA COLÔNIA POLONESA NO BRASIL
Considera-se que Sebastião Edmundo Wos Saporski foi um dos primeiro poloneses que fixaram residência em Curitiba, porquanto viajou a essa cidade com o objetivo de arrumar um lugar para os poloneses que deviam migrar de Santa Catarina. Em setembro de 1871, 32 famílias polonesas (164 pessoas) estabeleceram-se em Pilarzinho, nos arredores de Curitiba. Justamente graças aos empenhos do pe. Antônio Zieliński e de Saporski esse grupo de imigrantes poloneses, procedentes de Opole, mudou-se da região de Blumenau e Brusque, em Santa Catarina, a Pilarzinho. No dia 28 de novembro daquele ano a câmara municipal de Curitiba forneceu-lhes lotes de terra previamente escolhidos e medidos por Saporski. No dia 15 de junho de 1890 foi fundada a primeira organização polonesa em Curitiba e consequentemente no Brasil. Essa organização era a Sociedade Tadeu Kościuszko. Faziam parte da primeira diretoria da sociedade: presidente – Adão Stachowski, vice-presidente – Edmundo Sebastião Wos Saporski, secretário – Inácio Waberski, bibliotecário – Aleixo Waberski. Até a eclosão da I Guerra Mundial surgiu em volta de Curitiba um anel bastante compacto formado por colônias polonesas. Em 1972 o pe. João Pitoń CM informava que eram 35 mil as pessoas de descendência polonesa residentes em Curitiba, nos bairros de Abranches, Pilarzinho, Santa Cândida, Barreirinha, Cachoeira, Mercês, Portão, Novo Mundo, Vila Feliz, Seminário, Órleans, Atuba, Bacacheri, Vila Tingüi e outras. Se admitirmos que até há pouco tempo o Brasil dobrava o número de seus habitantes a cada 17 anos, com esse fundamento podemos afirmar que em Curitiba residem mais de 87 mil pessoas de descendência polonesa, embora alguns líderes polônicos elevem esse número até a 300 mil.
Nos anos setenta do século passado funcionavam em Curitiba as seguintes organizações polônicas: União Juventus (herdeira da União dos Atiradores), Sociedade Tadeu Kościuszko, Associação Beneficente-Cultural dos Poloneses no Brasil – a antiga União Central dos Poloneses no Brasil.
Nos dias 5 e 6 de julho de 1980 Curitiba teve a honra de hospedar pela primeira vez em sua história um papa, João Paulo II. No primeiro dia da sua visita o Santo Padre encontrou-se com a comunidade polônica brasileira no estádio “Couto Pereira”. Por sua vez nos dias 24-27 e 29 de fevereiro de 1984 esteve em visita pastoral, tendo-se encontrado com a colônia polonesa da cidade e também visitando algumas colônias dos arredores, o cardeal José Glemp – primaz da Polônia. Lech Walesa, o primeiro presidente da Polônia a fazer uma visita oficial ao Brasil, também esteve em Curitiba no dia 21 de fevereiro de 1995. Além das visitas de caráter oficial, realizou-se um encontro com a colônia polonesa no Parque João Paulo II.
Em 1989 surgiu em Curitiba a Federação das Associações Polônicas do Brasil – Polbras, que tinha por objetivo apoiar as organizações polonesas e de origem polonesa na manutenção da cultura polonesa e polônica. Foi escolhido presidente da Polbras o sr. Anísio Oleksy. Neste ponto vale a pena assinalar que a base de apoio da Polbras é a Sociedade União Juventus, cujas origens remontam a 1898. Em 1990 surgiu a Federação Braspol, com o objetivo de organizar e unir as comunidades polônicas existentes em todo o Brasil. Desde 1993 a Braspol publica o jornal bimensal “Kurier”, em língua polonesa e portuguesa. Nos últimos anos, porém, a publicação tem aparecido de forma bastante irregular. O fundador e o presidente da Braspol é o engenheiro Rizio Wachowicz.
No dia 3 de maio de 1991 foi fundado o Instituto Brasileiro de Cultura Polônica, com o objetivo primordial de divulgar a cultura e as tradições polonesas. O primeiro presidente do instituto, pertencente à Polbras, foi o prof. Mariano Kawka. Nos dias 13 a 16 de março de 1996 realizou-se em Curitiba o II Congresso Polônico da América Latina, organizado pela Polbras. O congresso teve como presidente do comitê organizacional Anísio Oleksy.
Posteriormente, nos dias 6 a 9 de abril de 2000, realizou-se em Curitiba o V Congresso Polônico da América Latina, desta vez organizado pela Braspol e presidido por Rizio Wachowicz.
Dentre as diversas promoções religiosas e culturais organizadas anualmente pela colônia polonesa em Curitiba importa mencionar sobretudo a cerimônia pascal da bênção dos alimentos (Święconka), que se realiza no Sábado Santo no Parque João Paulo II. A “Święconka” e os eventos culturais que a acompanham foram inseridos no calendário oficial de eventos turísticos no Estado do Paraná, publicado pelo governo estadual.
Em Curitiba encontra-se o Parque João Paulo II e muitas ruas dedicadas a personalidades de destaque de descendência polonesa. Dentre as organizações polônicas ativas em Curitiba, devem ser mencionadas a Sociedade Tadeu Kościuszko e a Sociedade de Marechal Piłsudski. A atividade polônica da Sociedade União Juventus, tão rica no passado, atualmente mostra-se praticamente invisível. Além disso, em Curitiba tem a sua sede o Consulado Geral da República da Polônia, bem como a Missão Católica Polonesa.
Em Curitiba desenvolveu-se no passado uma rica atividade editorial polônica. Já em 1892 era publicado o jornal “Gazeta Polska w Brazylii”. Na capital do Paraná era publicado igualmente o “Nowy Lud” (publicado a partir de 4.9.1990 como herdeiro do “Lud” – que circulou desde 28.9.1921, quando uma Sociedade Editora assumiu o que havia restado do “Polak w Brazylii”). Infelizmente, alguns anos depois a publicação do “Nowy Lud” foi interrompida. No decorrer da história polonesa nessa cidade, foram editados mais de cem periódicos diversos.
Em Curitiba existem filiais da Braspol nos seguintes bairros: Abranches, Barreirinha, Campo Comprido, Capão Raso, Órleans, Santa Cândida, Vila São Jorge, Vila São Pedro.
RIO DE JANEIRO
É difícil estabelecer com exatidão a data do estabelecimento dos primeiros poloneses no Rio de Janeiro. Com base nas fontes que nos são acessíveis, podemos afirmar que já no ano de 1840 vem àquela cidade o médico Pedro Czerniewicz. Observa K. Głuchowski que por volta de 1870 veio ao Brasil um grupo de poloneses da região de Gdańsk e estabeleceu-se no Estado do Espírito Santo. Segundo o mencionado autor, foi justamente nesse período que surgiram os poloneses no Rio de Janeiro. Tratava-se de algumas pessoas que se haviam separado dos grupos maiores que se dirigiam ao Estado do Paraná. Em 1874 chegou ao Rio de Janeiro Adão Stachowski, um dos pioneiros da colônia polonesa de Curitiba.
No período da “febre brasileira”, nos anos 1890-91, um bom número de poloneses esteve de passagem pelo Rio de Janeiro, que na época era a capital e o principal porto do país. Para muitos imigrantes da Polônia, a cidade do Rio de Janeiro era o ponto de partida para a continuação da viagem – para as plantações de café nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo ou Minas Gerais, e sobretudo para os Estados meridionais, onde lhes eram entregues terras para colonizar. Aos imigrantes eram fornecidos lotes geralmente cobertos de mata virgem, que deviam ser transformados em campos de cultivo. Em grande parte aqueles dentre os poloneses que decidiram estabelecer-se no Rio de Janeiro eram pessoas que haviam fugido das colônias. Eram pessoas que muitas vezes não conseguiam adaptar-se às diferentes condições de cultivo da terra, ao clima e outras dificuldades relacionadas com os primeiros momentos da adaptação à nova realidade. Os imigrantes que não se fixavam nas colônias ou as abandonavam geralmente buscavam trabalho nas cidades. Uma outra categoria de poloneses que ali se estabeleceram na época era constituída pelos fugitivos das fazendas de café, que, apesar da febre amarela que grassava na cidade, vinham ao Rio de Janeiro. O motivo da sua fuga era o fato de não serem capazes de se adaptar às condições do trabalho pesado no clima quente. Demonstravam também insatisfação em razão dos baixos salários e por serem explorados pelos fazendeiros. Certa parte dos imigrantes vindos ao Rio de Janeiro – nesse período – era constituída pela população não agrícola do país, e uma outra, por aqueles que se estabeleciam num centro urbano pela primeira vez.
Conforme informa A. Hempel, em 1892 na antiga capital do Brasil residiam de 3 a 4 mil poloneses. Esse número ia diminuindo porque muitos deles decidiam voltar à Polônia, certa parte dirigia-se a outros Estados brasileiros ou ainda emigrava aos Estados Unidos, Argentina ou México, e outros ainda morriam vítimas da febre amarela. E. Gruda informa, por as vez, que nos anos 1890-96 estabeleceram-se no Estado do Rio de Janeiro 3 mil poloneses. Ao analisar os primórdios da colônia polonesa no Rio de Janeiro, J. Wójcik caracteriza os poloneses de lá como indivíduos que por diversas razões separaram-se dos grupos maiores que se dirigiam aos Estados meridionais.
Um empreendimento importante foi a realização de uma estatística dos poloneses residentes no Rio de Janeiro, realizada em 1921. Segundo os dados coletados – que foram enviados à Legação Polonesa – resulta que a colônia polonesa contava então 427 pessoas.
No início de 1924 havia no Rio de Janeiro uma escola ambulante noturna, fundada em 1923 e que atendia a 40 crianças polonesas. Esse número – de certa forma – confirma como era pequeno o grupo dospoloneses residentes naquela cidade.
No período de entre-guerras (em 1929 e na passagem dos anos 1930-31), por recomendação do cardeal Augusto Hlond, visitou os núcleos poloneses no Brasil o pe. Inácio Posadzy. Fruto dessas duas viagens foram os artigos publicados na imprenas polonesa e o livro “Na senda dos peregrinos”, que foi publicado em 5 edições. No mencionado livro o pe. Posadzy não apenas caracterizou a colônia polonesa, mas forneceu igualmente o seu número. Segundo ele, residiam no Rio de Janeiro apenas mil poloneses. Esse número estaria próximo dos 1.200 poloneses que residiriam no Estado do Rio de Janeiro, e que em 1930 foi fornecido pelo encarregado de negócios S. Dluski ao Ministério das Relações Estrangeiras em Varsóvia. No entanto, segundo dados procedentes de 1933, coletados pela União Central dos Poloneses no Brasil, residiam no Rio de Janeiro 1.500 imigrantes poloneses.
Na volta do Congresso Eucarístico Internacional, que se realizou em Buenos Aires, na Argentina, em 1934, o bispo Teodoro Kubina visitou os núcleos poloneses no Brasil. No final da sua estada no país, veio ao Rio de Janeiro e encontrou-se com os poloneses ali residentes. Segundo o bispo Kubina, a sociedade polonesa que vivia na cidade – durante a sua visita – não era numerosa. Os poloneses residiam dispersos por essa grande cidade, e essa dispersão tonava difícil uma vida social mais intensa. Naquele tempo – como observa o bispo Kubina – eles não possuíam o seu padre nem o seu professor. A colônia polonesa baseava a sua atividade na Sociedade Polonesa, que, apesar das condições difíceis em que se encontrava, mantinha entre os poloneses os sentimentos de polonismo. A sociedade imigratória tinha um forte apoio no ministro Tadeu Grabowski, que a envolvia de paternal proteção. É digna de nota a observação do bispo Kubina – relacionada com a colônia polonesa no Rio de Janeiro – de que não havia nela, como infelizmente ocorria em outros lugares, nenhum tipo de disputas ou brigas.
Nos primeiros anos da II Guerra Mundial (1939-1942) começam a chegar ao Brasil os refugiados poloneses. Dentro de um grupo que contava várias centenas de pessoas – a maioria delas intelectuais – encontramos pessoas que se detiveram no Rio de Janeiro. Algumas dentre elas permaneceram definitivamente, ao passo que outras viajaram para a Argentina, Chile, Canadá ou Estados Unidos. Alguns autores fornecem o número de cerca de 3 mil refugiados poloneses que vieram ao Brasil no início da II Guerra Mundial. Desse número, não foram muitos os que decidiram permanecer no Rio de Janeiro. Muitos emigraram para a Argentina, o Canadá ou os Estados Unidos.
Após o término da II Guerra Mundial uma nova onda imigratória se desloca ao Brasil. Informa-se que vieram então ao Brasil de 10 a 20 mil poloneses. Os imigrantes – na maioria pessoas instruídas ou operários qualificados – estabeleceram-se nas cidades, entre as quais o Rio de Janeiro. Praticamente, com essa onda de imigração ocorrida após a guerra encerrou-se o processo da afluência dos poloneses ao Brasil, bem como à sua antiga capital, Rio de Janeiro. Nos anos seguintes, se os poloneses vinham ao Rio de Janeiro, eram casos raros. O mesmo ocorreu no período da crise política polonesa no início dos anos oitenta. Muitos marinheiros poloneses abandonavam os seus navios e pediam asilo político às autoridades brasileiras. Dessa imigração dos anos oitenta, apenas poucos permaneceram naquela cidade e no país. A maioria dos asilados deslocou-se para países mais ricos. Os fugitivos tratavam a permanência no Rio de Janeiro como ponto de passagem na espera de emigração para outros países.
Os dados sobre o número de cidadãos poloneses residentes no Rio de Janeiro após a II Guerra mundial variam de 5 a 8 mil pessoas. O legado (embaixador) W. Wrzosek fornece o número de 70 mil poloneses pertencentes à região consular do Rio de Janeiro. Trata-se do número daqueles que, independentemente da posse da cidadania, preservavam o sentimento dos laços com a Polônia. Vale a pena observar que, quando após o término da II Guerra Mundial os imigrantes poloneses vinham ao Brasil, podia ser observado também o fenômeno contrário, embora não ocorresse em grandes proporções. Naquela época apresentaram-se no Rio de Janeiro, para reemigração: 40 homens, 23 mulheres e 48 crianças com a idade de até 18 anos, ou seja, um total de 111 pessoas. Esses emigrados haviam-se convencido, em pouco tempo, do desacerto da sua escolha e por isso optaram pela reemigração.
Poder-se-ia indagar a respeito do número que representa hoje a colônia polonesa no Rio de Janeiro. A resposta seria praticamente impossível, e as razões para isso são diversas O número dos poloneses no Rio de Janeiro sempre tem sido instável. É muito difícil manter um registro exato numa cidade tão grande como o Rio de Janeiro. Nenhuma das organizações existentes dispôs-se a realizar um censo dos poloneses ali residentes. Além disso, não existe uma exigência legal estrita no sentido de que os estrangeiros residentes no Brasil, ao se mudarem de um Estado para outro, façam disso um registro na polícia federal. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa que em 1980 residiam no Rio de Janeiro 1.495 poloneses, ou seja, aqueles que eram classificados como estrangeiros. Vale a pena assinalar que naquele mesmo ano – segundo os dados da mesma instituição – residiam no Rio 11.961 poloneses. Estatisticamente, portanto, os poloneses residentes no Rio de Janeiro constituíam 12,5% de todos os poloneses residentes no Brasil. Naturalmente não se pode esquecer também do fato de que certo número de poloneses adotou a cidadania brasileira; eles, portanto, não figuram nas estatísticas brasileiras como poloneses. Dessa forma, o número exato dos poloneses residentes no Rio de Janeiro permanecerá desconhecido e, caso algum número seja fornecido, será um número presumido e inexato. O número presumido dos poloneses residentes no Rio de Janeiro é calculado – pelos líderes polônicos – em 3-5 mil pessoas.
No período inicial do surgimento dos poloneses no Rio de Janeiro (isto é, por volta de 1870 e nos anos da “febre brasileira”), o elemento que se estabelecia era constituído por pessoas de origem camponesa. Os refugiados poloneses residentes nas cidades brasileiras – no mencionado período – trabalhavam geralmente como operários. Esse grupo operário provinha exclusivamente da zona de ocupação russa.
- Hempel, que visitou o Rio de Janeiro em julho de 1892, encontrou entre os imigrantes poloneses que residiam no Rio de Janeiro artesãos como: alfaiates, carpinteiros, torneiros. Eles trabalhavam na parte insalubre da cidade, visto que era ali que se encontravam as oficinas em que trabalhavam. Por sua vez os imigrantes não qualificados, e entre eles os camponeses acostumados ao trabalho na terra, trabalhavam nos subúrbios como pedreiros.
No círculo da imigração polonesa, onde predominava o elemento operário-artesão, encontramos também pessoas do comércio, engenheiros, trabalhadores intelectuais e proprietários de estabelecimentos industriais. Estes faziam parte da camada dos ricos. Foi essa situação que encontraram no período de entre-guerras o padre Inácio Posadzy e o bispo Teodoro Kubina, que visitaram os núcleos poloneses naquela cidade. Esse estado de coisas perdurou até a eclosão da II Guerra Mundial.
Sintetizando, constata-se que até a eclosão da II Guerra Mundial predominavam na colônia polonesa do Rio de Janeiro as pessoas de classe inferior e média. O status social da colônia dependia em grande parte do grau de instrução possuída e da profissão exercida.
Nos primeiros anos da II Guerra Mundial (1939-42) veio ao Brasil um grupo de refugiados poloneses, contanto algumas centenas de pessoas, na maioria intelectuais. Entre esses refugiados que se detiveram no Rio de Janeiro encontrava-se, por exemplo, o poeta polonês Julian Tuwim. Os ecos da sua estada nessa cidade podem ser encontrados nas “Flores polonesas”. Nesse grupo encontramos representantes do exército, da aristocracia, dos antigos círculos governamentais ou ainda ricos comerciantes judeus. Geralmente esses imigrantes congregavam-se em volta da antiga Legação, inserindo-se na vida organizacional dos poloneses locais. Visto que eles não podiam aceitar a situação existente na Polônia, demonstravam uma postura hostil diante dos representantes diplomáticos da Polônia do pós-guerra. Essa hostilidade se exteriorizava na publicação da revista “Fakty” (Fatos) ou ainda na atividade organizacional da Sociedade Polônia, do Círculo das Polonesas e da União Cultural dos Poloneses no Brasil, surgida em 1947, que tinha como objetivo principal o combate ao comunismo. Diante das circunstâncias favoráveis, os refugiados poloneses que residiam no Rio de Janeiro conseguiram estabelecer boas relações com as autoridades políticas brasileiras e com os representantes da vida comercial, em razão do que puderam chegar a grandes patrimônios, sobrepujando em opulência a antiga imigração e atingindo um nível de vida médio ou superior ao médio. A aristocracia polonesa era bem vista nos numerosos encontros sociais brasileiros e era convidada para diversas recepções diplomáticas.
Um aspecto característico é que no período da II Guerra Mundial estabelecem-se representantes da aristocracia polonesa. Provavelmente um dos primeiros foi o conde Florian Rozwadowski. (Não mencionamos aqui os aristocratas que estiveram no Rio de Janeiro apenas de passagem). No museu Nacional do Rio de Janeiro, na introdução do “Registro dos estrangeiros” não aparece o nome de Rozwadowski, mas o seu título: conde. Além disso, no período de entre-guerras os primeiros representantes diplomáticos da Polônia foram aristocratas: o conde Ksawery Orłowski e o conde Czesław Pruszyński. Entre os refugiados políticos que vieram com o navio “Angola” no dia 5 de agosto de 1940 ao Rio de Janeiro, encontravam-se o duque Roman Sanguszko e o duque Olgierd Czartoryski em companha de sua esposa Matilde (arquiduquesa austríaca, filha do duque Carlos) e de dois filhos. Encontramos ainda os seguintes representantes da aristocracia polonesa: a duquesa Jolanta Radziwiłł, a duquesa Karolina Czartoryski, o duque Constante Czartoryski, o duque Olgierd Czartoryski, a condessa Dolly Krasicka, a condessa Isabel Zamoyski, a condessa Helena Tarnowski, a condessa Maria Tarnowski, o conde André Tarnowski e o conde André Łoś. Essa aristocracia participou ativamente das iniciativas em prol da ajuda à Polônia.
Igualmente no período da II Guerra Mundial estabelecem-se no Rio de Janeiro alguns religiosos poloneses. Neste ponto importa assinalar que no período anterior os padres provenientes da Polônia permaneciam nessa cidade apenas temporariamente. Um dos primeiros foi o pe. Antônio Zieliński, que veio ao Rio em 1867 e ali permaneceu por alguns meses. Em razão da sua amizade com Conde d’Eu – genro do Imperador Dom Pedro II – ele possuía uma grande influência na corte imperial. No período da II Guerra Mundial vieram ao Rio de Janeiro os padres: Francisco Firtz, Tadeu Kotowski, Paulo Tuchowicz, Paulo Siwek SJ e Tadeu Wyżykowski. A pastoral polonesa permanente só foi estabelecida no início de 1951.
Após a II Guerra Mundial aportou no Brasil uma nova onda de imigração polonesa, que se estabeleceu sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em grande parte era constituída por ex-soldados das Forças Armadas Polonesas no Ocidente e por refugiados da guerra. A afluência desse novo elemento imigratório contribuiu para uma mudança mais profunda ainda do perfil social da colônia polonesa do Rio de Janeiro. Desse grupo de refugiados fazia parte um grande número de oficiais, engenheiros, juristas. Eram pessoas com formação superior, que se distinguiam por mais amplas aspirações na vida. Convém assinalar, ainda, que no período do pós-guerra uma pequena porcentagem da imigração polonesa urbana era constituída de artesãos e operários, que, por constituírem um elemento mais enérgico que a antiga imigração agrícola, conseguiram fugir das difíceis condições do interior para se estabelecer na cidade.
No que diz respeito à situação atual da colônia polonesa no Rio, constata-se que não existem dados detalhados que apresentem a sua realidade. Diante de tal estado de coisas, podemos nos basear apenas na observação pessoal. O local de residência desses poloneses, bem como a observação do seu estilo de vida autoriza o autor a afirmar que eles fazem parte da classe média, algumas vezes até da classe rica. Ocasionalmente podem ser encontradas igualmente pessoas que enfrentam dificuldades materiais.
O nível da colônia polonesa do Rio pode ser comprovado também pela simpatia e amizade que lhe são demonstradas pelos brasileiros. Baseando-se em observações próprias, o autor pode enfatizar com toda a convicção que não ocorrem casos de tratamento incorreto dos poloneses por parte da população local. Muito pelo contrário, por toda a parte eles se deparam com demonstrações de simpatia. É preciso afirmar ainda que no decorrer das últimas décadas os brasileiros têm apresentado aos poloneses muitas provas da sua simpatia. Por outro lado, deve-se reconhecer que a coletividade polonesa não tem criado problemas para essa sociedade tão hospitaleira. Pelo seu trabalho, pelo seu envolvimento em prol do bem do país e da nação brasileira, os poloneses granjearam o reconhecimento e a gratidão da população local. Uma prova disso é que aos poloneses têm sido outorgados diversos títulos de cidadãos honorários da cidade do Rio de Janeiro. Há um bom número de poloneses que nos últimos anos foram honrados com essa honrosa distinção.
Um outro detalhe que comprova o nível da colônia polonesa do Rio de Janeiro é a igreja polonesa, que se encontra no bairro do Flamengo, e que é considerada a parte rica da cidade. Esse santuário é frequentado por brasileiros que fazem parte da elite local. Entre os fiéis brasileiros que participam das celebrações realizadas para eles em língua portuguesa encontramos o ex-ministro da justiça Armando Falcão, representantes da diplomacia brasileira (dois embaixadores), professores universitários, bem como outros representantes ricos e influentes da sociedade local. Não podem ser esquecidos os altos dignitários militares brasileiros que participam das comemorações do Dia do Soldado Polonês.
A observação própria da colônia polonesa do Rio de Janeiro permite a constatação do seguinte fato: o elemento polonês que se estabeleceu no Rio de Janeiro em consequência da borrasca da II Guerra Mundial preocupou-se com a educação de seus filhos e em lhes assegurar uma boa posição na sociedade brasileira. Diante desse fato, essa nova geração polônica tem assegurada uma boa posição na sociedade em que vive. Além disso, constata-se – com base na observação pessoal e nos resultados de uma pesquisa realizada – que em quase todas as áreas de vida na região podem ser encontrados poloneses e representantes da colônia polonesa. Olhando-se para a coletividade polônica do ponto de vista brasileiro – ela ocupa uma boa posição. A maioria dos poloneses – conforme resulta dos dados do IBGE – residem na parte meridional da cidade, que é considerada a parte rica. Por observação própria, o autor da presente monografia pode afirmar que não se encontram representantes da colônia polonesa vivendo nas favelas cariocas. Por sua vez aqueles que residem na parte norte da cidade, considerada a mais pobre, dispõem de dignas e suficientes condições de vida.
Assim, graças às qualificações profissionais que possuem, ao rápido domínio da língua portuguesa e às condições que lhes proporcionou o país em que se estabeleceram, os poloneses residentes no Rio de Janeiro e os seus descendentes alcançaram uma adequada posição social dentro da sociedade brasileira.
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Em 1852 encontramos poloneses no Rio Grande do Sul, lutando entre os soldados alemães no 15º batalhão do exército brasileiro (tenente Nieviadomski, Karol Noack, Barnatski). Na 6ª companhia também lutavam soldados poloneses (Parkowsky, capitão Eduardo Stepanowski). Também no 28º batalhão de fuzileiros lutavam poloneses (Murtki, Storek, Renek, Parkowski, Chendasiewicz). Na campanha Farroupilha lutou o polonês Gudowski. O engenheiro Floriano Żurowski, pertencente a um grupo de emigrantes políticos, veio ao Brasil provavelmente em 1857. Trabalhou na medição de terras no Estado do Rio Grande do Sul. Tornou-se diretor de colônia em Santa Cruz e Santo Ângelo. É considerado como o primeiro polonês a adotar a cidadania brasileira. Em 1886, a nordeste da capital estadual, Porto Alegre, um grupo de imigrantes poloneses fundou as colônias Sabta Teresa e Santa Bárbara. Eram imigrantes que alguns anos antes haviam chegado ao Estado da Bahia, mas em razão do clima não conseguiram adaptar-se. Quase todos mudaram-se para o Rio Grande do Sul. Nos anos 1890-1894 vieram ao Rio grande do Sul 27 mil imigrantes polneses. A primeira organização polonesa que surgiu nesse Estado foi a Sociedade “Polônia”, em Porto Alegre, que surgiu em 1896, graças ao empenho do Dr. Estanislau Kłobukowski. Segundo alguns dados estatísticos, até a eclosão da I Guerra Mundial o número de poloneses no Rio Grande do Sul chegava a 39 mil pessoas. E em meados da década de 1920 esse número era de 61.200 pessoas. No Estado do Rio Grande do Sul surgiu uma concentração bastante grande de colônias polonesas nas regiões de Lagoa dos Patos, Caxias, Ijuí. Em 1938 o número dos poloneses no Estado do Rio Grande do Sul chegava a 80 mil pessoas. Nos anos 1947-1950 estabeleceram-se nesse Estado 147 famílias polonesas, que faziam parte de um grupo de refugiados de guerra. Em época posterior, muitos deles viajaram aos Estados Unidos. E na década de 1970 a população de descendência polonesa no Estado do Rio Grande do Sul chegava a 256 mil. Se admitirmos que – até pouco tempo – o Brasil dobrava o número de havitantes a cada 17 anos, com base nesse cálculo podemos definir o número de pessoas de descendência polonesa nesse Estado em cerca de 640 mil pessoas.
Na área do Rio Grande do Sul encontramos filias da Braspol em: Alpestre, Arativa, Barão de Cotegipe, Bento Gonçalves, Camaquã, Cândido Godói, Carlos Barbosa, Carlos Gomes, Casca, Caxias do Sul, Centenário, Chuvisca, Cotiporã, Dois Lageados, Dom Feliciano, Erval grande, Floriano Peixoto, Getúlio Vargas, Guarani das Missões, Ijuí, Itatiba do Sul, Marcelino Ramos, Mariana Pimentel, Mariano Moro, Muçum, Nova Bassano, Nova Prata, Passo Fundo, Planalto, Porto Alegre – capital do Estado, Rio Grande, Santa Rosa, Santa Teresa, Santiago, Santo Antônio da Palma, Seberi, Três Arroios, Veranópolis, Vista Alegre do Prata.
ESTADO DE SANTA CATARINA
Nos anos 1824-1829, juntamente com a imigração alemã, veio o primeiro grupo de poloneses ao Estado de Santa Catarina. Eles se estabeleceram juntamente com os alemães na colônia Blumenau. O padre Antônio Zieliński, ao tomar conhecimento da vinda dos poloneses a Santa Catarina, graças às suas influências na corte imperial no Rio de Janeiro obteve do imperador Pedro II a nomeação para a função de pároco na Colônia Príncipe Dom pedro, em Santa Catarina. Fixou residência provisória em Gaspar, em 1869. Em agosto de 1869 um grupo de poloneses procedentes da região de Opole foi estabelecido nas redondezas de Brusque. Mais tarde, em setembro de 1871, graças aos empenhos do pe. Antônio Zieliński e de Sebastião Edmundo Woś Saporski, 32 famílias polonesas (164 pessoas) estabeleceram-se em Pilarzinho, nos arredores de Curitiba. Nos anos 1890-1894 vieram ao Estado de Santa Catarina 5 mil imigrantes poloneses. Segundo alguns dados estatísticos, até a eclosão da I Guerra Mundial residiam em Santa Catarina 13.800 poloneses. Em 1924, em Santa Catarina residiam 18.810 poloneses. Segundo os dados de 1937, resulta que existiam nesse Estado escolas polonesas, da mesma forma que em outros Estados habitados por imigrantes poloneses. Em consequência da nacionalização, foram fechadas no Estado de Santa Catarina 36 escolas polonesas. Em 1938 o número de poloneses em Santa Catarina era de 25 mil pessoas. E em 1970 o número de poloneses e descendentes que residiam nesse Estado era estimado em 89 mil pessoas. Se adotarmos o mesmo critério já citado anteriormente – de que até há pouco tempo o Brasil dobrava a sua população a cada 17 anos –, com base nesse cálculo podemos definir o número de pessoas de descendência polonesa nesse Estado em mais de 220 mil pessoas.
Na área de Santa Catarina encontramos filiais da Braspol em: Belmonte, Ribeirão das Antas (município de Benedito Novo), Blumenau, Brusque, Caçador, Bateias de Baixo, Corredeira (município de Campo Alegre), Canoinhas, Chapecó, Corupá, Linha Batista (município de Criciúma), Descanso, Doutor Pedrinho, Florianópolis – capital do Estado, Grão Pará, Indaial, Irani, Itá, Itaiópolis, Jaraguá do Sul, Joaçaba, Joinville, Mafra, Pulador, Rio Novo, Serra Preta (município de Major Vieira), Maravilha, Massaranduba, Mondaí, Monte Castelo, Nova Erechim, Trombudo (município de Nova Trento), Chapadão (município de Órleans), Papanduva, Porto União, Rio da Prata (município de Rio do Campo), Rio Negrinho, Santa Cecília, Santa Teresinha, Cruzeiro, Rio Natal, Rio Vermelho (município e São Bento do Sul), São Bento do Sul, São Miguel do Oeste, Sombrio, Três Barras, Xanxerê.
ESTADO DE SÃO PAULO
A cidade de São Paulo, da mesma forma que o Rio de Janeiro, era um ponto especial pelo qual passavam ondas de imigrantes vindos ao Brasil. Dali os imigrantes seguiam para as plantações de café ou para as áreas de colonização situadas nos Estados meridionais: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul. Graças ao aumento na produção do café, na passagem do século XIX para o XX São Paulo estava passando por um grande desenvolvimento econômico. Em razão do progresso geral, tanto a cidade como o Estado de São Paulo ofereciam grandes possibilidades aos imigrantes que chegavam. Nos anos 1890-1894 vieram ao Estado de São Paulo 13 mil imigrantes poloneses. O padre Chełmińki, que chegou de Varsóvia a São Paulo em 1892, definia o número de poloneses residentes nessa cidade em cerca de 1.000 pessoas. Por sua vez A. Hempel, que esteve em São Paulo nesse mesmo tempo, definia o número dos imigrantes poloneses em cerca de 600-700 pessoas. De acordo com J. Siemiradzki, por volta de 1900 residiam em São Paulo 2.000 poloneses. As autoridades consulares polonesas estimavam que em 1928 a coletividade polonesa em São Paulo contava cerca de 2-3 mil pessoas. Por volta de 1930 a comunidade polonesa na cidade contava cerca de 3 mil pessoas. O padre I. Posadzy, que visitou o Brasil nesse período, avaliava o número dos poloneses residentes em São Paulo em cerca de 8 mil pessoas. Nos anos 1930-1940 São Paulo teve o acréscimo e 12 mil pessoas de descendência polonesa. Por ocasião da eclosão da II Guerra Mundial, os poloneses de São Paulo começaram a organizar a ajuda para a Polônia. Da mesma forma que em outras cidades do Brasil, também em São Paulo surgiu uma filial do “Comitê Brasileiro de Ajuda às Vítimas da Guerra na Polônia”. Após o término da guerra, veio ao Brasil uma nova onda de imigrantes poloneses, que se estabeleceu principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Calcula-se que chegou a cerca de 8-9 mil pessoas. A maioria era constituída por soldados das Forças Armadas Polonesas no Ocidente. Graças ao afluxo dessa nova onda de imigrantes poloneses, transformou-se o perfil da comunidade polônica em São Paulo. Até então a maioria era constituída sobretudo por operários. A nova onda trouxe a São Paulo um grande número de intelectuais (entre os quais engenheiros, oficiais, juristas). No final dos anos cinquenta do século passado, os padres salesianos poloneses calculavam o número da colônia polonesa em cerca de 1.200 famílias. A comunidade polônica de São Paulo envolveu-se ativamente nas comemorações do Milênio do Batismo da Polônia. Justamente nessa cidade surgiu um os primeiros comitês das comemorações do Milênio. Para homenagear esse aniversário, a comunidade polônica ergueu o Monumento do Milênio. Esse monumento é uma obra dos artistas poloneses Miecislau Grabowski, Vitoldo Reiff e Miroslau Szabuniewicz. Os salesianos poloneses documentaram as comemorações do Milênio polonês pela publicação do “Álbum das comemorações do Milênio da Polônia Cristã”. No Almanaque do “Lud” de 1972 encontramos a informação de que a paróquia polonesa em São Paulo contava cerca de 3 mil pessoas. Além desse número, o pe. J. Pitoń CM fornece o número de 17 mil cidadãos poloneses de descendência judia. Os poloneses residiam nos bairros: Bom Retiro, Quitaúna, Domingos de Morais, Presidente Altino, Butantã, Lapa, Mariana. O pe. J. Pitoń CM menciona Santo André (onde residiam 108 famílias polonesas) e os núcleos poloneses em São Caetano do Sul, Utinga, Mauá, Ribeirão Pires e Piquera-Açu.
No que diz respeito à vida organizacional da colônia polonesa em São Paulo, constata-se que rapidamente surgiu a primeira associação polonesa. No dia 3 de maio de1892 foi fundada a primeira organização polonesa, com o nome de “Beneficência”. Com o tempo o nome foi mudado para “Ajuda Fraterna”. Em 1895 o nome dessa organização mudou para “União e Concórdia”. Por volta de 1912 funcionava junto a essa organização uma escolinha polonesa. Em 1917 os imigrantes poloneses fundaram uma nova organização, de natureza patriótica, a “Sociedade Henrique Sienkiewicz”. Em 1922 ocorreu a união das organizações polonesas existentes – “União e Concórdia” e “Sociedade Henrique Sienkiewicz” – numa só associação, a “Sociedade Polonesa”. Em março de 1927 foi possível organizar uma escola polonesa, na qual foram formados dois grupos: para crianças mais jovens e mais velhas. O sustento material da escola baseava-se em doações dos poloneses locais. No final daquele ano frequentavam a escola 100 crianças. A colônia polonesa em São Paulo – da mesma forma que em outras regiões – vivenciou também crises provocadas por diversos desentendimentos. Devido a isso, ocorreu uma cisão na “Sociedade Polonesa”. Em conseqüência dessa cisão, surgiu uma nova organização, o “Círculo de Jovens Marechal José Piłsudski”. Nos anos trinta foi fundada mais uma organização, o “Clube Esportivo Polônia”, que contava cerca de 80 sócios. Nesse mesmo período surgiu, sob a influência dos salesianos poloneses, a “União Polono-Católica da Proteção de Nossa Senhora de Częstochowa”. A “União Cultural dos Poloneses no Brasil”, surgida em 1947 no Rio de Janeiro, possuía igualmente a sua filial em São Paulo. Em 1949 atua também nessa cidade a “Sociedade Central dos Judeus Poloneses”. Em 1955 surgiu mais uma organização, o “Clube 44”, que adotou como objetivo a propagação em alto nível da vida cultural polonesa. Nos anos setenta do século passado existiam as seguintes organizações polônicas em São Paulo: a “Sociedade Frederico Chopin”, o “Clube 44”, a “Associação dos Combatentes Poloneses” e a “Associação dos Ex-Aviadores Poloneses”.
Na capital do Estado atuavam as seguintes organizações: o “Clube 44”, a “Sociedade Brasileira de Cultura Polonesa José Pilsudski” e a “Associação dos Combatentes Poloneses”. Em São Paulo temos a capelania polonesa que desde início foi atendida pelos padres salesianos e desde 1996 era dirigida pelos padres da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados até 2016. Ultimamente uma vez por mês um missionário diocesano da Polônia que atua na arquidiocese de São Paulo celebra a S. Missa em polonês.
Em São Paulo existia o Consulado Geral da Polônia e o Escritório Comercial do Conselheiro da Embaixada da Polônia, que foi fechado em 2017. Era uma criação da República Popular da Polônia, que infelizmente não trazia grandes frutos nos contatos comerciais entre nossos dois países. O Consulado nesta cidade, assim como no Rio de Janeiro foi fechado em 2013 pelo Radosław Sikorski (então o ministro das relações exteriores da República da Polônia), que oficialmente declarava que estava diminuindo as despesas com a diplomacia, liquidou consulados e embaixadas. Aqui na América do Sul fechou, entre outras, a embaixada da Polônia no Uruguai.
Não existem dados a respeito do número de pessoas que constituem a colônia polonesa. Estima-se a coletividade polônica nessa maior cidade brasileira em algumas dezenas de milhares de pessoas.
Na área de São Paulo encontramos filiais da Braspol em Itaporanga, Itararé, Paineiras (município de Ourinhos), Osasco e São Paulo – capital do Estado.
Atualmente (2021), os descendentes dos imigrantes poloneses não residem apenas nos Estados acima mencionados, para onde no passado emigraram os poloneses. O atual movimento migratório brasileiro, que contribui para a transposição de indivíduos e famílias, influencia também a mobilidade dos representantes da comunidade polônica local. Graças às filiais existentes da Braspol, temos um discernimento real de onde se encontram comunidades polônicas. Além dos Estados acima mencionados, encontramos também descendentes de imigrantes poloneses nos seguintes estados da Federação Brasileira:
DISTRITO FEDERAL: Brasília – capital do País.
ALAGOAS: Maceió – capital do Estado.
BAHIA: Luís Eduardo Magalhães (município de Barreiras), Salvador (capital do Estado), Povoado de Roda Velha (município de Desidério).
GOIÁS: Goiânia – capital do Estado.
MINAS GERAIS: Belo Horizonte – capital do Estado.
MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande (capital do Estado), Coxim, Dourados, Eldorado, Maracaju, Mundo Novo.
MATO GROSSO: Cuiabá (capital do Estado), Nova Mutum, Rondonópolis, Sinop, Primavera (município de Sorriso), Sorriso.
PARÁ: Belém – capital do Estado.
PERNAMBUCO: Recife – capital do Estado.
RONDÔNIA:
Arquemes, Cocal, Ji-Paraná, Porto Velho (capital do Estado), Vilhena.
O detalhamento acima das colônias, vilas e cidades onde encontramos comunidades polônicas não é completo. Por experiência própria o autor conhece dezenas de colônias no interior, bem como um grande número de vilas onde encontrou descendentes dos nossos imigrantes que preservam a sua consciência étnica ou que cultivam alguns costumes poloneses.
É de se esperar que a comunidade polônica no Brasil por longo tempo vai demonstrar a sua atividade étnica. Graças ao papa João Paulo II, ocorreu um renascimento dessa consciência étnica. Em muitos lugares do Brasili observou-se um despertar do espírito polonês. O movimento polônico concentrado no Braspol procura manter os costumes, as tradições trazidas pelos nossos imigrantes da Polônia. É preciso que se demonstre um grande respeito a todos aqueles que estão contribuindo para inserir no mosaico étnico brasileiro a presença polonesa e as suas variadas manifestações.
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Atualização aos 10 de novembro de 2013.